domingo, 15 de fevereiro de 2009

Um dia de cada vez

"És feliz?"
... perguntaram-me um dia.

Tenhos saúde, bons amigos, familia, boas condições de vida ... falta-me alguma coisa?

Acredito, só que a felicidade é real quando partilhada.

Citações:
Zoe: You can't make everyone happy.
Poppy: There's no harm in trying that Zoe, is there?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Quem quer ser Bilionário?

Vou começar pelo fim.
"It is written."
O destino é o que nós construímos ou é o que nos calha? No meio de tanta confusão e rebuliço das nossas vidas, que raio é que é o destino?
Danny Boyle, coloca-nos esta questão no principio do filme. E vai-nos respondendo ao longo da história de uma vida de Jamal Malik.
Por um lado a nossa perseverança nas crenças que assumimos e a coragem nas decisões que somos obrigados a tomar, são factores que nos podem guiar para que consigamos encontrar o nosso destino. Por este prisma somos nós que construímos o caminho em busca desse destino.
Por outro lado, se esse destino não está já escrito, de maneira que hajam provas de que ele está à nossa espera, no sentido de encontrarmos algum sinal que nos faça acreditar então não há como acreditar no caminho mais correcto.

E foi isso que senti. Por muita merda que somos obrigados a nos meter, por mais lutas desiguais que tenhamos de travar, por mais rombos na nossa alma, se nunca chegarmos a ter sinais de que de facto o nosso destino é aquele que acreditamos, dificilmente iremos ter a coragem de voltar a reerguer e voltar a lutar contra todas as vicissitudes.

O retrato de uma India miserável. O postal de uma cidade tal como ela é. A confusão de quem vive integrado numa sociedade completamente "overcrowded" e todas as dificuldades inerentes, que passa pela politica, religião e cultura, que não agradam a ninguém, estão bem expressas neste filme. É dificil, mesmo num 'retrato documental' experienciar um novo país e conhecer as suas características, mas penso que podemos ter alguma noção de como é a India, apesar de eu defender que para conhecermos, temos de lá estar e ver com os nossos próprios olhos, sentir com a nossa pele e cheirar com o nosso olfacto.
Podemos comparar um bocado com o anterior The Darjeeling Limited, onde conseguimos encontrar os cheiros e cores da India, enquanto neste encontramos a sociedade que lá sobrevive.

Quanto ao filme e produção em si, achei que a banda sonora encaixa muito bem em várias cenas, especialmente nas cenas de perseguição e de maior tensão. Penso que brevemente vamos poder ver alguns destes actores de Slumdog fora do ambiente de Bollywood, e aí estou bastante curioso quanto às suas prestações.

Citações:

Jamal Malik: I knew you'd be watching
Latika: I thought we would meet only in death.
Jamal Malik: This is our destiny
Latika: Kiss me

Prem Kumar: So are you ready for the final question for 20 million rupees?
Jamal Malik: No, but maybe its written, no?
Prem Kumar: Maybe...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Revolutionary Road

Foi uma interessante perspectiva de olhar as opções de vida que nos podem calhar.
Podemos defini-los em 3 vertentes.
A primeira que identificamos como a "real", ou seja, aquela fase da vida que reconhecemos que somos infelizes, porque realizamos as mesmas tarefas todos os dias, fazemos algo que não gostamos mas temos de fazer, que estamos presos às nossas decisões de vida e dali não podemos sair, ou que nos acomodamos simplesmente e somos rotineiros e básicos.
A segunda parte, o "irreal", aquela em que somos loucos, o suficiente loucos para termos uma ideia fantástica e vamos mudar para sempre a nossa vida. Em que vislumbramos um rasgo de felicidade permanente a partir dessa decisão. No fundo do desespero, com a coragem devida, mudamos o rumo e seremos felizes para sempre. É a parte do irrealismo, da irresponsabilidade e da possível loucura, ... demência talvez.
A terceira parte, é a altura que colocamos os pés no chão (ou que nos falta a coragem) e percebemos que o nosso destino está traçado e nunca seremos capazes de o mudar e em vez de seguir os instintos irreais, seguimos sim os instintos reais.

A capacidade de revolucionarmos o nosso caminho, está ao nosso alcance ou não?

Por isto, foi interessante este exercicio proposto por Sam Mendes, que soube desta forma ajustar e centralizar estas ideias em torno de um casal de actores, que por si só já tem uma imensa cumplicidade, e que estão praticamente em 100% das cenas deste filme. Dá uma ideia que se trata de uma peça de teatro com a Kate e o Leonardo o tempo todo em cena/palco, neste caso em tela, e parece que o filme "não respira".

Gostei da figura do lunático filho da vendedora de casas (Kathy Bates), com um sentido de humor extraordinário, e a dar enfâse à segunda parte, fazendo emergir o nosso lado louco e a colocar as verdades cruas à nossa mercê. Somos uns acomodados, e uns cobardes da vida.
A analogia aos acomodados, está expressa no grupo de colegas da Knox industries, que não acreditam, que não querem saber, e nem querem pensar em mudar sequer.

Citações:
John Givings: Hopeless emptiness. Now you've said it. Plenty of people are onto the emptiness, but it takes real guts to see the hopelessness.

John Givings: You want to play house you got to have a job. You want to play nice house, very sweet house, you got to have a job you don't like.

April Wheeler: Look at us. We're just like everyone else. We've bought into the same, ridiculous delusion.

O Rapaz do Pijama às Riscas

Um confronto entre a inocência pura e a monstrousidade da razão.

A história de uma familia alemã (nazi) que se muda para uma casa nova, perto de um campo de concentração nazi. Ali o rapaz descobre uma quinta onde trabalham pessoas esquisitas vestidas sempre de pijama e depois encontra um amigo (que não deveria ser amigo) para poder brincar.
Sejamos nós crianças para todo o sempre e este mundo seria muito mais feliz. O facto de crescermos e tornarmo-nos Homens, transforma-nos em detentores de uma razão sofismável, encoberta no conjunto de ideias que nos foram incutidas ao longo da nossa vida. Tornamo-nos fechados nos nossos mundos, independente da grandeza de qualquer um. A capacidade e habilidade de explorar-mos o desconhecido, de efectuar as perguntas do que nos rodeia, da curiosidade que nos move, vai-se perdendo e vamos deixando de ser as crianças. E enquanto crianças somos puras de consciência, não se importa se descascamos batatas ou praticamos medicina, não importa o se nome "shmul" é nome ou não, não sabemos o que é mal ou bem mas regimos segundo a nossa consciência, não receamos os nossos medos, e estes sentimentos deveriam perdurar connosco e saberíamos enquanto adultos mais tarde, ter um mundo melhor entre nós.

Este filme, fez-me recuar também ao "A vida é bela", o meu filme, onde encontramos na magia da brincadeira, do jogo, a esperança de uma luta. Qual será o meu número de jogo? Onde é que começa e termina o jogo que estamos a jogar? Como se joga este jogo? O que ganhamos no final do jogo?


Citações:
Bruno: We're not supposed to be friends, you and me. We're meant to be enemies. Did you know that?

Bruno: There is such thing as a nice Jew, though, isn't there?
Herr Liszt: I think, Bruno, if you ever found a nice Jew, you would be the best explorer in the world.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A Duquesa

A história da Duquesa de Devonshire numa sociedade britânica do século XVIII, em mais um filme de época, e de como estes filmes já têm uma receita comum.
Paisagens inglesas deslumbrantes, casas enormes e fantásticas, e guarda-roupas sem fim, são os ingredientes. Os temas são quase sempre os romances e intrigas. Depois junta-se a Keira e outro actor inglês, neste caso Ralph Fiennes, e "and all the british things are there".

Foi um filme quase "irmão" de Maria Antonieta, em quase tudo parecido, sendo que a diferença era um em França e outro em Inglaterra. Mas sabendo de que se trata de duas histórias verdadeiras, e pensar que as protagonistas tiveram uma vida parecida, dá que pensar.

citações:
Duke of Devonshire: This will be the mistake of your life.
Georgiana, The Duchess of Devonshire: No, I made that many years ago.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Vicky Cristina Barcelona

Duas amigas nova-iorquinas vão passar um verão a Barcelona, e eis o argumento deste filme. Assim como chegam, é como vão. Durante esse período vivem uma história incrível (confirmado no diálogo de Cristina e Vicky quando se sentam na esplanada, e Cristina conta as suas aventuras eróticas) entre amores e desamores numa forma que nunca teriam imaginado, senão fossem estas férias em Barcelona.
De como os romances ou os amores impossiveis fazem parte das nossas vidas, e como Maria Elena diz, que só o amor impossível é que pode ser romântico, vemo-nos confrontados com esta grande verdade durante este filme. E depois para manter a chama, procuramos o "sal" para dar outro sabor à relação, que pode muito bem ser o dar valor a aquilo que se tem, e não ao que se aventura.

Adorei como a Rebecca Hall/Vicky interpretou Woody Allen, isto é, a forma divertida, confusa e recambolesca que caracteriza os diálogos de Allen é passada na integra para a Vicky, vimo-nos quase que numa versão de Woody Allen no feminino.
De todo o elenco, a Penelope Cruz efectua um desempenho formidável, alternando os seus estados de loucuras da mesma forma como alterna o discurso entre o Inglês e o Castelhano, numa performance cheia de garra e de sensualidade.
A Scarlett não deslumbrou tanto, mas a mulher dos lábios mais sensuais da actualidade e do olhar mais ingénuo e provocador ainda está lá.

Depois, Barcelona! Quase que uma visita guiada é feita durante o filme a essa magnífica cidade, e em algumas cenas, autênticos postais ilustrados são criados pela fotografia do filme.
Finalmente, excelente a banda sonora, mesmo muito boa de se ouvir. Tenho de a arranjar!

Citações:
Juan Antonio: Maria Elena used to say that only unfulfilled love can be romantic.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O estranho caso de Benjamin Button

Um conto de F. Scott Fritzgerald deu origem a esta história.
Imaginemos nós, que a nossa vida tem duas linhas principais orientadoras na nossa evolução. Uma distingue a evolução fisica, o crescimento, amadurecimento e envelhecimento. A outra distingue a nossa capacidade de adquirir conhecimento, de aprendizado e depois de decadência mental. Agora imagine-se como poderia ser uma vida se estas linhas orientadoras viajassem em sentidos opostos. Este deve ter sido o exercício que David Fincher tentou trazer até nós através deste estranho caso.

Se formos a ver o filme é uma coisa simples, de uma história de vida, a de Daisy (Cate Blanchett) e que conta coisas da vida que poderiam ter sido e não foram, ou que aconteceram mas podiam ter sido evitadas, e que está muito bem filmada, sempre com o espectro de encararmos a morte como algo consumado. São várias as vezes que Benjamin, encontra a morte dos seus colegas de lar, enquanto ele próprio regredia na sua vida e rejuvenescia-se. Achei magnifica a cena do acidente de Daisy, a forma como foram colocados os "ses da vida" em cada momento de quem teve alguma influência naquela situação.
Gostei também de perceber que passei quase 3 horas no cinema e não dei pelo tempo a passar, tal forma como o filme está apetecível.

Os efeitos especiais estão fantásticos e alguém consegue imaginar o Brad Pitt quando ficar velho e cheio de artroses? Pois aqui está uma possibilidade ...

Citações:
Benjamin Button: Sometimes we're on a collision course, and we just don't know it. Whether it's by accident or by design, there's not a thing we can do about it. A woman in Paris was on her way to go shopping, but she had forgotten her coat - went back to get it. When she had gotten her coat, the phone had rung, so she'd stopped to answer it; talked for a couple of minutes. While the woman was on the phone, Daisy was rehearsing for a performance at the Paris Opera House. And while she was rehearsing, the woman, off the phone now, had gone outside to get a taxi. Now a taxi driver had dropped off a fare earlier and had stopped to get a cup of coffee. And all the while, Daisy was rehearsing. And this cab driver, who dropped off the earlier fare; who'd stopped to get the cup of coffee, had picked up the lady who was going to shopping, and had missed getting an earlier cab. The taxi had to stop for a man crossing the street, who had left for work five minutes later than he normally did, because he forgot to set off his alarm. While that man, late for work, was crossing the street, Daisy had finished rehearsing, and was taking a shower. And while Daisy was showering, the taxi was waiting outside a boutique for the woman to pick up a package, which hadn't been wrapped yet, because the girl who was supposed to wrap it had broken up with her boyfriend the night before, and forgot.
Benjamin Button: When the package was wrapped, the woman, who was back in the cab, was blocked by a delivery truck, all the while Daisy was getting dressed. The delivery truck pulled away and the taxi was able to move, while Daisy, the last to be dressed, waited for one of her friends, who had broken a shoelace. While the taxi was stopped, waiting for a traffic light, Daisy and her friend came out the back of the theater. And if only one thing had happened differently: if that shoelace hadn't broken; or that delivery truck had moved moments earlier; or that package had been wrapped and ready, because the girl hadn't broken up with her boyfriend; or that man had set his alarm and got up five minutes earlier; or that taxi driver hadn't stopped for a cup of coffee; or that woman had remembered her coat, and got into an earlier cab, Daisy and her friend would've crossed the street, and the taxi would've driven by. But life being what it is - a series of intersecting lives and incidents, out of anyone's control - that taxi did not go by, and that driver was momentarily distracted, and that taxi hit Daisy, and her leg was crushed.


Mrs. Maple: Benjamin, we're meant to lose the people we love. How else would we know how important they are to us?