domingo, 8 de fevereiro de 2009

Revolutionary Road

Foi uma interessante perspectiva de olhar as opções de vida que nos podem calhar.
Podemos defini-los em 3 vertentes.
A primeira que identificamos como a "real", ou seja, aquela fase da vida que reconhecemos que somos infelizes, porque realizamos as mesmas tarefas todos os dias, fazemos algo que não gostamos mas temos de fazer, que estamos presos às nossas decisões de vida e dali não podemos sair, ou que nos acomodamos simplesmente e somos rotineiros e básicos.
A segunda parte, o "irreal", aquela em que somos loucos, o suficiente loucos para termos uma ideia fantástica e vamos mudar para sempre a nossa vida. Em que vislumbramos um rasgo de felicidade permanente a partir dessa decisão. No fundo do desespero, com a coragem devida, mudamos o rumo e seremos felizes para sempre. É a parte do irrealismo, da irresponsabilidade e da possível loucura, ... demência talvez.
A terceira parte, é a altura que colocamos os pés no chão (ou que nos falta a coragem) e percebemos que o nosso destino está traçado e nunca seremos capazes de o mudar e em vez de seguir os instintos irreais, seguimos sim os instintos reais.

A capacidade de revolucionarmos o nosso caminho, está ao nosso alcance ou não?

Por isto, foi interessante este exercicio proposto por Sam Mendes, que soube desta forma ajustar e centralizar estas ideias em torno de um casal de actores, que por si só já tem uma imensa cumplicidade, e que estão praticamente em 100% das cenas deste filme. Dá uma ideia que se trata de uma peça de teatro com a Kate e o Leonardo o tempo todo em cena/palco, neste caso em tela, e parece que o filme "não respira".

Gostei da figura do lunático filho da vendedora de casas (Kathy Bates), com um sentido de humor extraordinário, e a dar enfâse à segunda parte, fazendo emergir o nosso lado louco e a colocar as verdades cruas à nossa mercê. Somos uns acomodados, e uns cobardes da vida.
A analogia aos acomodados, está expressa no grupo de colegas da Knox industries, que não acreditam, que não querem saber, e nem querem pensar em mudar sequer.

Citações:
John Givings: Hopeless emptiness. Now you've said it. Plenty of people are onto the emptiness, but it takes real guts to see the hopelessness.

John Givings: You want to play house you got to have a job. You want to play nice house, very sweet house, you got to have a job you don't like.

April Wheeler: Look at us. We're just like everyone else. We've bought into the same, ridiculous delusion.

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