sexta-feira, 5 de março de 2010

Um Homem Singular

A primeira realização do estilista Tom Ford.
Aprecio a forma como quem nos conta histórias, nos faz prender a atenção. É a narrativa que nos apaixona, são as expressões do narrador que nos fixam o olhar, ou a história da história que nos agarra, ou são os próprios personagens com que nos identificamos e que nos focalizamos nas suas vidas.
Tom Ford, consegui isto, manteve-nos agarrados àquele ultimo dia de George Falconer desde o principio ao fim. Desde o momento que percebemos que a vida dele já não tem sentido sem o seu grande amor, passando pelas memórias que pretendia guardar para sempre, até ao seu ultimo momento, a morte. Excelente na forma como vivemos esse ultimo dia da vida de George Falconer, quando sabemos que tudo vai acabar e nunca mais acaba, porque há mais uma memória para lembrar, uma mais pessoa para encontrar e falar, desabafar, procurar carinho, e um gesto para dar como se fosse o último (e nós sabemos que é o ultimo).

São os momentos deste filme que nos prendem, momentos que nos controlam as emoções, do vermelho por-do-sol, de paixao, do azul tranquilidade, de morte, o amarelo de uma normalidade anormal, e fazem-se sentir ao longo do filme, expondo-nos, transpondo-nos e identificando-nos.

E Tom Ford executa isto, na medida que por cada momento que representa um estado de emoção, aplica um filtro de cor, centrando e ambientando o espectador à reacção pretendida. Uma fotografia brilhante dos anos 60, desgastada sem ser granulada, e com uma profundidade de campo tornando a personagem principal o nosso foco, torna este filme interessante tecnicamente.

Um Colin Firth de interpretação excelente, mas genial está a Julianne Moore numa personagem dificil. Angustiada sem o demonstrar, alegre sendo infeliz, mas controlando a inveja que sente da felicidade dos outros, ela própria o admite no filme. Uma personagem omnipresente na vida singular de George Falconer.

Um filme que serve de reflexão. Do medo, da morte, da vida.

Citações:
George: For the first time in my life I can't see my future. Everyday goes by in a haze, but today I have decided will be different.

1 comentário:

Catarina disse...

Amei este filme. Os diálogos, as cenas, as variações de cor, tudo, tudo.